A arte do bem morrer: O discurso tópico na Sinfonia Fúnebre de José Maurício Nunes Garcia

Diósnio Machado Neto

Resumo


Na Oração Fúnebre do Frei António de Santa Ursula Redovalho para as exéquias do Marquês do Lavradio, ocorrida no Rio de Janeiro em 1791, há uma citação do Livro dos Eclesiastes: «Cuida de um bom nome, porque ele te será mais permanente do que mil tesouros preciosos, e grandes». Esta era a chave para o entendimento da arte do bem morrer. O culto à boa morte, ou ao bonfim, substanciou-se na cultura luso-brasileira se transformando em um espaço de intensa fruição do imaginário coletivo. As irmandades da boa morte, as igrejas do bonfim, as cerimônias fúnebres, enfim, tudo o que envolvia o passamento era um espaço de articulação simbólica, assim como determinação de zonas de influência e poder. O objetivo desse artigo é observar a partir do conceito da significação musical como uma composição, no caso a Sinfonia Fúnebre do Padre José Maurício Nunes Garcia de 1790, representa musicalmente esse conceito. É também um texto para afirmar o alinhamento do pensamento galante na colônia brasileira. Especificamente, por esta obra trato de observar a expressão musical através de um jogo de estruturas tópicas de tradição europeia; a forma do discurso definida dentro de uma lógica de construção dos argumentos por tropificação – a composição sobre a «mescla» de tópicas; a forma musical alterada pelas necessidades da expressão retórica; e o uso dessa estrutura como discurso, veiculando a ideia do «bem morrer». 


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